Jovem militante da Marcha Mundial das Mulheres toma posse no Conselho Comunitário da Vila de Ponta Negra/RN

Lia Araújo, cientista social e militante da Marcha Mundial das Mulheres, foi eleita presidenta do Conselho Comunitário da Vila de Ponta Negra com mais de 60% dos votos, um resultado expressivo que representa 392 votos de confiança espalhados por todo o bairro. Aos 26 anos, Lia traz consigo uma profunda ligação com o território – Vila de Ponta Negra – onde nasceu e foi criada, e sua eleição marca o início de uma nova trajetória de luta e transformação social.

Além de sua atuação no movimento feminista, Marcha Mundial das Mulheres, Lia também integra o Coletivo Nacional de Juventude Negra – Enegrecer, reforçando seu compromisso com a juventude e com as questões raciais. Sua vitória não é apenas um reconhecimento pessoal, mas um reflexo da importância de uma presença enraizada no território, de uma atuação coletiva que se constrói dia a dia, com cada moradora e morador, em cada rua, beco e viela de Ponta Negra.

“Enquanto presidenta, nossa primeira ação será de reconstrução estatutária, pois infelizmente o documento principal do Conselho Comunitário de Ponta Negra é de 1986, por isso precisa de atualizações. Em segundo lugar, precisamos de uma cartografia socioambiental, principalmente da Vila de Ponta Negra, para que seja feito um protocolo de consulta da comunidade. Necessitamos disso porque grandes empreendimentos avançam, pela terra e pelo mar, e nós não somos consultadas, assim como também somos assediados para deixar nossas casas, pela especulação imobiliária. Serão dois anos de construção participativa e com a potencialidade de mapear, ocupar, produzir e reflorestar o nosso lugar.”, destacou Lia em sua fala após a vitória. Ela enfatizou a importância da participação da comunidade local na construção de um território mais inclusivo, justo e de bem viver.

Com 67% dos votos, Lia lidera uma gestão que busca não apenas administrar, mas de unir Vila de Ponta Negra, envolvendo todos os moradores e moradoras. “Minha relação com vizinhos e amigos sempre foi muito tranquila, e minha criação na Vila me permitiu construir uma forte conexão com o local. Reconheço a importância dos espaços sociais como praças, o campo do Botafogo e a praia de Ponta Negra. Esses lugares têm um significado afetivo especial para mim e contribuem para uma memória coletiva muito significativa. Acredito que, por causa dessa relação íntima com o nosso entorno, estamos em condições de promover uma gestão democrática. Infelizmente, não nos foi construída essa oportunidade de desenvolver políticas públicas que permitam nossa intervenção e contribuição. Portanto, a nossa tentativa é reaproximar a comunidade de uma construção participativa e popular.”, afirmou. Essa chamada à união reforça o compromisso de Lia com a construção coletiva e com o respeito à comunidade local.

Lia Araújo representa a força dos movimentos sociais e da comunidade de Ponta Negra. Sua liderança no Conselho promete ser um marco, consolidando a presença e a voz do movimento feminista em áreas cruciais e promovendo uma luta coesa e uma ação mais efetiva. Com isso, o impacto da Marcha se amplia, chegando com mais força nos territórios, refletindo diretamente nas batalhas cotidianas enfrentadas pelas mulheres e contribuindo para uma comunidade mais justa, na qual cada morador possa se sentir parte ativa e respeitada na construção de um futuro melhor para todos e todas.

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