O começo desta semana, segunda e terça, foi marcado pela celebração de mais um passo importante da auto-organização das mulheres na luta pela autonomia, pela agricultura familiar e pela agroecologia. Acompanhamos a assinatura do contrato e da ordem de serviço para a construção das Unidades Pedagógicas do Projeto “Lavanderias Coletivas e Agroecológicas: mulheres camponesas construindo tecnologias sociais e práticas sustentáveis”.

O Projeto Lavanderias é uma experiência piloto e trata da instalação de máquinas de lavar industriais para uso coletivo em assentamentos, mas não se resume a isso. Contará com um sistema de geração de energia solar e uma estação de tratamento da água, permitindo que a água utilizada nas lavagens seja reaproveitada em áreas de cultivo agroecológico, como frutíferas. Essa ação contribuirá diretamente com a discussão e implementação de políticas públicas para a socialização do trabalho de cuidado e será desenvolvida com a participação direta das mulheres rurais das comunidades beneficiadas.

No Rio Grande do Norte, quatro experiências serão implementadas nos municípios de São Miguel do Gostoso (Assentamento Arizona), Mossoró (Assentamento Mulunguzinho), Ipanguaçu (Assentamento Santa Rita) e Riachuelo (Assentamento Lagoa Nova). “Daqui a pouco nós vamos ver essa lavanderia funcionar, e a gente tem que saber: ela é fruto do processo de organização e mobilização das mulheres. Então, a Marcha Mundial das Mulheres indicar o grupo ‘Decididas a Vencer’ para ter essa experiência aqui é importante porque representa o reconhecimento e a valorização da trajetória que esse grupo de mulheres construiu, e que inspira outros lugares”, afirmou Rejane, representando a Marcha e o CF8.

Ao todo, o projeto contempla nove experiências em diferentes estados do Nordeste — RN, CE, PB e PI —, fortalecendo práticas sustentáveis e tecnologias sociais voltadas à autonomia das mulheres rurais. A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, por meio da Subsecretaria de Mulheres Rurais; a UFERSA; o Governo do Estado do RN, por meio da SEDRAF; e o Centro Feminista 8 de Março, que participou de todo o processo de idealização e discussão da proposta. A Marcha Mundial das Mulheres no RN também é parceira do projeto, tendo indicado um dos territórios de implementação: o Assentamento Mulunguzinho, em Mossoró, conquistado pelo grupo de mulheres “Decididas a Vencer”.