Grupo de mulheres da Cootipesca, da comunidade Lagoa de Salsa e Vila Nova que participam do projeto Do quintal ao mar, projeto cofinanciado pela União Europeia, articuladas pelo movimento Marcha Mundial das Mulheres saem às ruas de Tibau/RN, em alusão ao 8 de março trazendo as suas bandeiras de lutas: a participação das mulheres na política, pautada no plebiscito da constituinte exclusiva e soberana do país, a autonomia de vida, melhorias nas condições de vida e o direito às terras em que vivem.
Saindo da Cootipesca, as militantes fizeram uma caminhada que despertou curiosidade pelas ruas de tibau: tambores e palavras de ordem gritavam: “nosso lugar não é no fogo ou no fogão. A nossa chama é o fogo da revolução”. Ao que Tatiana Muniz, da Rede Xique Xique de Economia Solidária e MMM, acrescenta: “estamos nas ruas pra dizer que não somos mercadorias, para reclamar nossos direitos e a reforma política do nosso país. Por isso vamos dizer sim à constituinte exclusiva e soberana para mudar a vida do nosso povo e para mudar a vida das mulheres”.
Importante ressaltar que estas mulheres estão em um processo de disputa pelas terras em que vivem. As mulheres das comunidades da Lagoa de Salsa e Vila Nova vivem em um território que mais de 250 famílias ocuparam a área desde 1996. Depois do INCRA confirmar que o terreno não possuía documentação, numa área acima de seis mil hectares, o governo do estado concedeu apenas 53 títulos de posse para os agricultores. Passado um tempo, apareceu um dono. Requisitou uma área de 600 hectares. As comunidades não vão se entregar. Não aceitam sair do lugar onde moram há quase duas décadas. E as mulheres são firmes na resistência.