Via https://marchamulheres.wordpress.com
Por: Ana Beatriz e Roseane Arévalo
O Plano Municipal de Educação de número 415/12 veio ao debate semana passada na Câmara Municipal de Vereadores do Município de São Paulo. Uma das principais questões do plano foi a implementação do debate de Gênero e Diversidade nas escolas, ou seja: a construção de princípios que passam pela igualdade de direitos nas instituições públicas de ensino, questão de suma importância, invisível na sociedade machista e patriarcal na qual vivemos.
Nas últimas semanas, presenciamos na Câmara Municipal de São Paulo uma verdadeira missa católica, composta por pessoas conservadoras com seus cartazes dizendo “Não ao Gênero”, “Família é Homem e Mulher”, “Gênero não me Representa” e outras falas e canções do tipo: “Abençoa Senhor às famílias, Amém. Abençoa, Senhor, a minha também”. Mas, nesse contexto, o que mais nos revoltou foi que os religiosos só pediam bênção para suas famílias heterossexuais e repudiavam as famílias homoafetivas.
Vale ressaltar que esses grupos não estavam sozinhos. Os movimentos de Mulheres e LGBTs também estavam presentes nesses últimos dias na Câmara Municipal, sempre com uma postura crítica quanto às falas conservadoras, levantando suas bandeiras por igualdade, liberdade, menos ódio e mais amor.
Acreditamos que debater Gênero e Diversidade nas escolas é fundamental para toda sociedade humana, porque com esse tema podemos desconstruir preconceitos existentes no ambiente escolar. Lembramos da Feminista Alexandra Kollontai, quando diz que “as Famílias são uma união de afeto e camaradagem”. Acreditamos que essa frase seja um ato de liberdade, quando criamos nossas filhas e filhos longe de qualquer forma de discriminação.
Recentemente, na mídia saiu uma matéria sobre meninas que abandonaram os estudos e tentaram suicídio por terem entrado na lista das mais “vadias” da escola. Quando nos deparamos com essas notícias, mais uma vez questionamos o quanto precisamos avançar no debate de Gênero. Algumas vezes Professoras e Professores levam a temática para a classe, mas são reprimidos, e sabemos que dentro das escolas os(as) adolescentes querem debater sexualidade e gênero. Pleitear esses temas é desconstruir a ideia de que Gênero é o sexo biológico, e de que menina tem que usar rosa e menino azul. Acreditamos que as crianças e adolescentes precisam ter liberdade de escolha dentro desse de sistemas repressores.
Travestis e Transexuais largam a escola por sofrerem preconceito e discriminação no ambiente escolar desde cedo. Esse sistema educacional, ao invés de ajudar e educar, acaba reprimindo. Políticas Públicas como o Programa Transcidadania da Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo servem de exemplo para que demais pessoas, entidades e governo estabeleçam uma relação humana com toda a diversidade.
Educação não é só em casa, como dizem os conservadores católicos, é também na escola. Não se aprende somente Português e Matemática nela, mas também é fundamental educar as crianças e jovens para uma sociedade justa e livre de preconceito. Sexualidade é ampla e libertadora, precisa se construir formas para combater às desigualdades, e a escola é um passo para essa educação libertadora.
Devemos exigir um Estado Laico, nossos/as “representantes políticos” têm que parar de se basear em conceitos religiosos. Pessoas pregam o amor de Deus, mas infelizmente odeiam a Diversidade. Aí nos perguntamos, que Deus é esse que essas pessoas seguem? Precisam parar de agredir e praticar a solidariedade.
Vamos levar Gênero e Diversidade para as escolas, sim! Conservadores fundamentalistas, parem de colocar regras em nossas vidas, queremos Liberdade, Autonomia e Educação de Qualidade. Família também é Diversidade.
* Ana Beatriz e Roseane Arévalo são militantes da Marcha Mundial das Mulheres de São Paulo e do Coletivo das Lésbicas e Bissexuais da MMM.