A água viva da auto-organização: intercâmbios de ATER Mulheres Seridó em Monte Alegre

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             Pisando no chão de Monte Alegre, Upanema, as mulheres de Maxinaré, Catunda e Santo André, da região do Seridó potiguar, foram unânimes em destacar a diferença do solo fofo do lugar visitado em relação ao solo pedregoso de sua região. Trata-se dos intercâmbios de ATER Mulheres Seridó que visitaram as experiências da organização de mulheres e os quintais produtivos com e sem o sistema de reuso chamado Água Viva, que reaproveita as águas cinzas para aguar a plantação.

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              Após breve apresentação das comunidades visitantes e do grupo de Mulheres de Monte Alegre, todas se encaminharam para o quintal de dona Alvani, onde ela mostrou sua horta, as plantas medicinais como a malva que cura gripe e falou do funcionamento do filtro e a importância da reutilização das águas cinzas “Só não pode molhar as hortaliças e as folhas, mas o resto a gente molha e tenho pra mim que essas águas do filtro são até melhor do que a normal porque a gente rega e as plantas parece que ficam mais fortes, mais bonitas”.

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          Saindo de Dona Alvani, visitaram o quintal de Margilânia em que ela destacou a importância da diversidade de produção e o não uso de agrotóxicos “a gente tem que aproveitar tudo. Não pode fazer queimada e usar veneno porque essa terra é a que a gente tem pra cuidar e produzir e o que a gente planta, a gente come e ninguém quer comer comida envenenada. Tem muitas formas de prevenir contra os bichos que atacam nossas plantações.” Na ocasião, foi ensinado a calda de nim como repelente natural.

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                  Finalizando as visitas no quintal de Das Chagas que as mulheres chamaram de “mini-floresta porque tem de tudo”. As visitantes ficaram encantadas e aproveitaram, mais uma vez, para levar algumas mudas para plantar em seus quintais. Das Chagas avisou: “eu só dou se vocês plantarem mesmo!” Ao que Ceiça Silva, técnica do CF8 que acompanhar o ATER Mulheres Seridó, completa: “As mulheres estão animadas e nessa troca de intercâmbio, elas acabam firmando compromisso umas com as outras. Importante este incentivo para o cultivo”.

                Retornando para a sede da Associação de Monte Alegre, foi feita uma avaliação dos intercâmbios, e um ponto muito destacado pelas mulheres do Seridó foi a experiência de reuso de água: “é maravilhoso! Do jeito que temos dificuldade com água, reaproveitar a que usamos em casa daria mais condições de a gente produzir nos nossos quintais” diz Maria de Lourdes de Catunda.

                 As mulheres de Upanema falaram sobre sua experiência de auto organização que as fazem ocupar diversos espaços de decisão como sindicato, a associação, a participação na Marcha das Margaridas e em eventos de agroecologia e, principalmente, as mantém unidas e fortes. Cirdene de Souza, de Santo André, destaca que: “achei muito interessante a organização das mulheres que concilia a produção com a voz ativa. Isso faz com que elas consigam enfrentar as situações e criar soluções também. Isso tem que servir de exemplo pra gente, pra se organizar como elas”.

                 A cada visita, muitas trocas de saberes, de mudas e sementes de plantas, inspiração e vontade de produzir e se organizar. Essa é a água viva que irriga o sertão e a esperança de uma sociedade justa para todas as pessoas.

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