Primeiro dia de encontro é marcado pela resiliência das mulheres do semiárido

 

 

 

 

 

 

 

 

Começou nesta segunda, 6, o Encontro Mulheres do Semiárido, em Ponta Negra, Natal/RN, com força e animação na luta por um semiárido livre e feliz. Após a mística e apresentação dos estados, os debates começaram com a primeira mesa: Do combate à seca à convivência com o semiárido: mulheres rurais e a mudança de paradigmas. A mesa facilitada por Marialda Moura, da ACC/RN, teve como debatedoras a Profa Gema Esmeralda da Universidade Federal do Ceará; Glória Araújo do PATAC e ASA Pernambuco; Conceição Dantas da coordenação do Centro Feminista 8 de Março, Mossoró RN, da Marcha Mundial das Mulheres; e Maria de Fátima do Santos, Fafá, de Itapipoca, CE, da Rede de agricultores/as agroecológicos/as do Vale do Curu e Aracatiaçu.

Na mesa, Fafá, deu o seu depoimento em defesa da agroecologia: “criei meus 8 filhos, construí minha casa, sou liderança de mulheres, venci a violência que sofria do meu ex-companheiro e tudo isso através da luta no MMTR e a agroecologia que me deu força. Pela vida das mulheres, pela agroecologia”, e sua fala encontrou eco nas participantes.

Entendendo o erro que é a visão de combate à seca por só ver as limitações e não enxergar as muitas possibilidades da região semiárida, Glória citou a evolução da mudança desta visão por meio da articulação do semiárido. Em seguida, Conceição Dantas aponta a importância da organização das mulheres nesta mudança e mostra o quintal como espaço de resiliência das mulheres: “enquanto as mulheres não têm domínio sobre as terras do roçado, elas têm a capacidade de fazer do quintal, que é um espaço bem mais reduzido, um espaço que gera muita riqueza com soberania alimentar”. E explica que a auto organização é fundamental neste processo: “uma mulher sozinha fica frágil mas se ela vai se juntando e construindo grupo e movimento, amplia a criatividade, a resistência e a mudança nas suas vidas e na sociedade”.

“O que era o nordeste antes de nós? Quando os homens foram pro sul pra conseguir emprego, quem ficou no nordeste foram as mulheres”, questionou Madalena Santana, SE, MMTR – NE. Tal questionamento abriu uma discussão de história e luta das mulheres na região. Nesta perspectiva, Elizete, do MMTR PE, contou que: “antes as mulheres rurais serviam de escravas trabalhando nas casas e servindo sexualmente aos patrões. Com a nossa organização e nossa maneira de superar as coisas, nós mudamos muitas realidades. Hoje nossas filhas podem continuar nas comunidades, estudando pra ser pedagoga, enfermeira e muito mais”. Assim, Cícera Nunes, de Serra Talhada, PE, traz a proposta de uma Escola Feminista do Semiárido para que as experiências de lutas das mulheres sejam fortalecidas.

Ao final do debate, a professora Gema afirma que “as falas das mulheres trouxeram muitas denúncias mas também muitos anúncios. As mulheres do semiárido construíram um acúmulo que é força, experiência, auto organização. Não contando mais com as políticas públicas no nosso país, penso que temos outras estratégias. A fala, a presença coletiva, o projeto de sociedade pela agroecologia são estratégias nossas. Precisamos trazer nossas forças pro debate de mudança de paradigma”. Ao que Glória complementa: “o encontro Mulheres do Semiárido já é um marco na história da luta pela convivência”.

 

 

 

 

 

 

A programação do evento ainda conta com a realização de outras mesas temáticas, carrossel com exposição de 5 experiências e a feira feminista, que acontece neste dia 07, a partir das 19h, no D. Beach Resort, em Ponta Negra, Natal/RN.

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