“Dentro do meu quintal, ninguém anda no sol. É tudo na sombra!” Diz Francisca Maria de Oliveira, de 56 anos, mais conhecida como Francisca do Picolé, sobre o quintal que construiu em dez anos, desde que mora no Assentamento São Cristóvão, zona rural de Mossoró.
Nascida em Caraúbas, Francisca aprendeu a trabalhar na roça muito nova. “Meu pai sempre teve roça”, diz. Com 8 anos começou a ajudar o pai. Também muito cedo se casou e se mudou de Caraúbas pra Mossoró. Separou. Casou de novo e, dessa vez, foi parar na cidade grande, em São Paulo. Lá, Francisca deixou a agricultura e trabalhou vendendo lanche na rua, de doméstica. O importante sempre foi ter independência financeira “nunca gostei de depender de ninguém”, ela conta. Mas confessa que, quando longe, sempre sentiu falta de morar no campo.
Depois que voltou pra Mossoró, Francisca não quis mais morar na cidade. Conseguiu assentar-se em São Cristóvão e, junto ao seu marido, cultiva feijão, macaxeira, milho e cria animais (porco, ovelha, galinha, gado, ganso, peixe) no lote. No quintal, ela cultiva frutíferas como goiaba, acerola, manga, amora, tem sua horta, as plantas medicinais e ornamentais que tanto adora: “Aqui eu tenho meu sossego, daqui eu tiro o que como e sei que não tem química, né? Isso é uma riqueza”, diz Francisca.
Quando perguntada sobre seu apelido de Francisca do Picolé, ela conta que teve que vender muito picolé pra ajeitar sua casa, seu quintal e seu lote em São Cristóvão. Ela fala da dificuldade de produzir no lote devido à falta de água e do quanto a cisterna de produção vai possibilitar que ela possa se sentir mais realizada enquanto agricultora: “Pra gente que gosta de plantar, de cuidar dos bichos, quanto mais, melhor. Poder produzir mais no meu quintal e no lote é um sonho antigo e que tô realizando e vou realizar ainda mais agora”, diz sorrindo.