Economia feminista para redesenhar a vida e a auto organização das mulheres no Vale do Jaguaribe

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Através do projeto “Mulheres redesenhando a vida, transformando o semiárido”, co-financiado pela União Europeia, o Centro Feminista passa a acompanhar as mulheres do Acampamento Zé Maria do Tomé e da Vila de Fátima do Sítio Tomé, em Limoeiro do Norte. Após primeiras visitas de mobilização e apresentação do projeto, a economia feminista, pauta do último encontro, alimentou reflexões e a motivação para a auto organização.

A região do Vale do Jaguaribe, onde se encontram as comunidades assessoradas, é marcada por conflitos de terra e água mas também por organização popular. Os quintais produtivos, tanto do acampamento quanto do assentamento, são resistência ao agronegócio. Neste contexto, Conceição Dantas, da coordenação do projeto, afirma que: “a organização das mulheres é uma importante trincheira não só na luta por terra e água, mas também pela soberania alimentar e para a igualdade. As mulheres do Jaguaribe mostram sua capacidade de construir alternativa ao agronegócio. São exemplo de que é possível viver bem na Chapada do Apodi, CE. Continuar essa luta é fundamental para o bem viver no semiárido”.

Conflito e resistência no Vale do Jaguaribe

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No final dos anos 80, a implementação do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi, do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), expulsou muitos agricultores de suas terras em prol de um projeto de irrigação que só beneficia grandes empresas de fruticultura que contaminam a região com elevado uso de agrotóxicos. Há 4 anos, o Acampamento Zé Maria do Tomé, em homenagem ao sindicalista assassinado por defender os direitos campesinos, ocupa terras pertencentes à União no Perímetro Irrigado Jaguaribe – Apodi. São 150 famílias que produzem frutas e verduras num processo de transição para a agroecologia, com foco no uso consciente dos recursos naturais.

Nas últimas semanas, o acampamento sofreu sorte ameaça de despejo. Após muita resistência e muita negociação, o mandato de reintegração foi paralisado, podendo ser reativado a qualquer momento. Os acampados reivindicam que o DNOCS ceda as terras para a construção de um assentamento estadual de reforma agrária.

Organização das mulheres

No meio de todo esse contexto, as mulheres, com os quintais produtivos, são responsáveis por uma significativa produção, principalmente para o consumo das famílias.

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Giovana Lopes, técnica do Centro Feminista 8 de Março, relata que é grande a variedade de frutíferas, hortaliças e plantas medicinais nos quintais e conta também que, após o primeiro encontro em que conversaram sobre a importância dos trabalhos que as mulheres desenvolvem dentro e fora de casa, ficou feliz por ver a iniciativa de algumas delas: “elas começaram a se organizar pra vender polpas de frutas, sabão, pra terem uma renda própria”. É pelo caminho da economia feminista que é possível dar passos fecundos no redesenhar da auto organização e da vida das mulheres do Vale do Jaguaribe.

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